Até ao último suspiro
Bem mais electrizante do que muitos poderiam vaticinar, a final desta edição da D-League contou com tudo o que faz parte de um belo espectáculo: afluência de público, música, incerteza no marcador, bom futsal e, não menos importante, respeito.Logo no primeiro minuto se percebeu que os H.Ramos não queriam desempenhar o mero papel de figurantes na caminhada triunfal do Montanelas; o ímpeto e velocidade introduzidos no jogo pelos estreantes na prova foram o espelho disso mesmo. José Pinto e Vasco Almeida, como elementos mais recuados, tiveram que se agigantar para suster a força da dianteira contrária durante grande parte do jogo.
Contudo, o primeiro golo não tardou a surgir na baliza de Daniel Moreira no seguimento de uma excelente arrancada de Nuno Rocha pelo flanco esquerdo. Foi ao quarto minuto, cedo demais para celebrar. O aviso de Jorge Fernandes, num recorte técnico delicioso rechaçado instintivamente por Vasco, foi premonitório do que se haveria de passar imediatamente a seguir: remate fulminante para o empate. Na viragem dos primeiros dez minutos, já ambas as equipas tinham pisado a linha vermelha das cinco faltas, o que provocou uma generalizada queda no capítulo da agressividade. Quem se deu melhor com esse factor foi a equipa dos Montanelas, fruto da sua maior capacidade de circulação de bola, conseguindo dilatar o marcador para três golos de diferença.
Mais uma vez, quem pudesse pensar que o taça já tinha destinatário enganou-se redondamente. Explorando a potência de remate de António Costa, os H.Ramos reduziram para 5-3 já bem perto do intervalo e para a margem mínima por Felipe Passos vinte segundos após o reatamento. Tensão ao máximo no Pavilhão do Viso, apenas atenuada pelo golo de David Liberal (um dos melhores em campo), mas reacendida aos 33 minutos pelo inevitável Jorge Fernandes. Apesar de bem jogada, a qualidade da segunda metade foi ligeiramente inferior. Se por um lado havia quem procurasse desenfreadamente o empate, do outro encontrava-se uma equipa mais preocupada em gerir do que em construir uma goleada categórica. Na conjugação destas filosofias de jogo, a sorte acabou por sorrir a José Pinto; a três minutos do fim, praticamente selou a partida.
João Monteiro e Pedro Santiago deram por encerrada a final e a taça ficou pela segunda vez na sua história no hall of fame dos Montanelas. Triunfo merecido da equipa que evidenciou, desde o primeiro jogo, melhores atributos para arrecadar o troféu. Palavra de apreço para os H.Ramos, que evoluíram exponencialmente nesta fase final, calando as vozes mais cépticas.
Mais uma época terminou, plena de resultados surpreendentes, jogadores promissores, equipas demolidoras (e demolidas), discussões, sempre com um clima festivo. Veremos o que reserva a próxima temporada.