O fim de um ciclo de invencibilidade às mãos de um impiedoso pelotão de fuzilamento. Montanelas defendiam o título averbado na época transacta armados com revólveres de bolso carregados e prontos a disparar; só não contavam era com as sucessivas rajadas de metralhadora provenientes do outro lado da barricada. Tiros que moeram a barreira defensiva até aos limites permitidos pela física, mas que foram absolutamente letais uma vez atingido o alvo pela primeira vez.
Os últimos minutos do encontro serviram para a consumação de um homicídio qualificado, tamanha foi a atrocidade a que o já quase cadáver foi submetido.
Voltando ao início, e contrariamente ao prognosticado, Rogério Cunha alinhou no cinco inicial. Lombroso na máxima força contra uns Montanelas visivelmente desfalcados e pouco munidos de opções ofensivas. Isso ajudou a explicar a tremenda dificuldade dos ainda campeões em estender o seu jogo para lá do seu meio campo. O facto de o primeiro remate, por Bernardo Martins, ter acontecido apenas aos 8' foi sintomático. Vasco Almeida viu-se obrigado a "reabrir o livro", negando o golo ao adversário vezes sem conta com defesas de considerável dificuldade.
Ricardo Ferreira, atleta em foco, deu-se ao luxo de desperdiçar um golo de baliza aberta já bem perto do intervalo; a consagração viria mais tarde.
Com um impressionante registo de dezoito remates (dois deles ao poste) contra apenas cinco do adversário, os de criminologia chegavam a meio do encontro com a sensação que poderiam levar deste encontro mais que uma simples vitória moral, mantendo a sua postura na etapa complementar.
No entanto, a resistência dos Montanelas parecia não ter fim face à avalanche contrária. José Pinto bateu-se arduamente quer a defender, quer a esboçar o ataque, sendo responsável por alguns cortes decisivos e por outros tantos remates do meio da rua. Insuficiente. Chegou então o minuto 28 e com ele um tremendo pontapé na ansiedade. Ricardo Ferreira, servido pelo inevitável Paulo Coelho, finalizou com classe, inaugurando o marcador.
Desorientados com o golo, os de Direito abriram mais espaços, possibilitando a Rogério Cunha um belo golo "à Madjer" aos 32'. Tudo parecia decidido e o que se seguiu foi um episódio de tortura. De orgulho ferido e mais com o coração do que com a cabeça, a corrida atrás do prejuízo teve efeitos devastadores (quatro golos em três minutos), servindo para coroar merecidamente Paulo Coelho com os dois tentos finais.
A aficción de criminologia - em bom número na bancada do Viso - fez a festa, homenagendo os seus soldados efusivamente e aplaudindo uma vitória inquestionável. No outro lado, uns Montanelas visivelmete abatidos. Talvez os números tenham sido demasiado penalizadores para a regularidade evidenciada desde o primeiro jogo, considerando sobretudo a vitória destes na fase regular pela margem mínima.
A vingança pela derrota no jogo da primeira fase serviu-se bem gelada, acrescida de um dado curioso: na liga de Direito, a formação a imperar este ano foi a única representante do curso de Criminologia. Notável.
A figura do jogo:
Paulo Coelho
Correu, assistiu, defendeu e foi recompensado com dois golos já bem perto do fim. O motor da equipa, persistente quando parecia que a bola teimava em não entrar e impiedoso já quando a vantagem estava mais que consolidada.