Xanax, Prozac, alguém tem?Se a Faculdade de Engenharia tiver nalgum dos seus departamentos um sismógrafo, seguramente terá registado na tarde de ontem uma agitação fora do comum. Todo o Pólo da Asprela tremeu quando, a um (!) segundo do final do encontro de abertura do torneio de futsal da FAP, Miguel "Tsubasa" Vieira rematou para o fundo das redes do guardião de medicina.
Mas vamos por partes, na medida em que a história começa bem antes do apito inicial. Pormenores meramente burocráticos da organização iam impedindo a formação da Rua dos Bragas de entrar em campo, o que fez com que se lançasse a incerteza quanto à validade do jogo. Ainda que desfalcada, a FDUP lá disputou a partida, com apenas cinco jogadores de campo e dois guarda-redes. E a verdade é que, logo ao segundo minuto, Miguel Vieira abriu o activo com um tiro certeiro no ângulo, sem hipótese de defesa.
A reacção dos médicos, contudo, não se fez esperar. Num recital de eficácia, bateram Vasco por quatro ocasiões em outros tantos remates, enquanto defensivamente iam cumprindo com as suas funções; a organização era precisamente um dos seus pontos fortes. A FMUP vinha com a lição bem estudada, mas pecou pela sua ingenuidade nalguns lances, cometendo cinco faltas com dez minutos para jogar na primeira parte. Jorge Pinto, exímio cobrador de bolas paradas, aproveitou para reduzir e acalentar as esperanças para a segunda metade.
Após o reatamento, Direito entrou em força, pleno de motivação para inverter a tendência do marcador, só que as chances esbanjadas sucediam-se ao mesmo ritmo que as quebras físicas. Num lance rápido de contra-ataque, os amarelos fizeram o quinto e pareciam ter declarado o paciente como óbito, tal era já a diferença no placard. Puro engano. Ainda que ligados a um sistema de respiração assistida, os juristas aperceberam-se do receio adversário em cometer faltas (cinco em apenas doze minutos), o que permitiu abordar de outro modo o encontro. O terceiro golo surgiu, seguido do quarto e cinco minutos restavam para terminar.
As pernas e os pulmões tremeram, mas não partiram. Numa fase em que mais parecia estar a disputar-se um jogo de ténis dada a amplitude do jogo de ambas as equipas, foi Sérgio Rocha a concretizar o improvável.
5-5. 01:3o para jogar. Calafrios para Vasco, tensão no ar. Medicina erra o alvo escandalosamente e a bola é imediatamente arremessada para o outro lado do campo. Rui Vieira a oito segundos no fim vê a avenida sem semáforos vermelhos e vai às reservas buscar combustível para atravessá-la; Remate forte, boa defesa; recarga para José Pinto. Dois segundos; Pinto endossa a Miguel Vieira. Um segundo; a bola parte para a baliza e beija apaixonadamente as redes ao som estridente da buzina.
Puro sadomasoquismo a terminar num estrondoso orgasmo, febril, contagiante e indefinível, semblantes carregados de êxtase. A incredulidade foi a sensação que passou pela cabeça de todos os que se encontravam no pavilhão do IPP, num resultado que pagaria uma fortuna a quem tivesse investido numa banca de apostas. Seguramente uma caixa de antidepressivos seria de grande utilidade no banco de Medicina perante tal desfecho.
Com este resultado, a formação de Direito somou os três primeiros pontos da época e deu um passo de gigante para a qualificação para os quartos-de-final, faltando defrontar o ISEP e o Instituto Piaget no Grupo A.
Ficha de jogo:
Vasco Almeida
Rui Vieira
Miguel Vieira (2)
Jorge Pinto (3)
José Pinto
Tiago Lima
Sérgio Rocha (1)
Assistência:
Aproximadamente 20 pessoas