A tão badalada final antecipada justificou plenamente o epíteto. Montanelas e Lombroso regalaram a vista de quem se deslocou ao pavilhão do viso com um jogo cheio de intensidade, emoção, polémica e muitos recortes de bom futsal. Os campeões em título lograram adiantar-se no marcador nos segundos iniciais, tendo vindo à memória da equipa mais antiga da competição o volumoso resultado averbado na final da última edição da competição. Consequência desse avivar de memória foi o redobrar de esforços e concentração por parte da equipa dos Montanelas (que aproveitaram o facto do adversário bem cedo se ter visto com 4 faltas), que conseguiram a “remontada” ainda no 1º tempo, tendo ido para o intervalo com uma vantagem de 2 golos. Polémica ao intervalo devido à intervenção menos elegante do encarregado do pavilhão, que privou a organização do placard electrónico. Este incidente pareceu enervar as hostilidades criminólogas, que entraram na 2ª parte com o pé esquerdo, e que viram a desvantagem aumentar para 5-1. “De volta” ao jogo, Lombroso teve depois deste péssimo início de 2ª parte os seus melhores momentos na partida: pautou o seu jogo pelas serenidade e paciência que lhes são característica e foi com naturalidade que reduziu para 5-3. Paulo Coelho e Rogério Cunha comandavam uma equipa que parecia surgir na manhã de nevoeiro, porém, Vasco Almeida fez pender a balança para o lado daqueles que viriam a ser os vencedores do encontro: num lance em que o 5-4 estava a um metro da linha de golo, o guarda-redes dos Montanelas lançou-se numa estirada impressionante conseguindo ainda dar início ao contra-ataque que originou o 6-3 e que “matou” em definitivo a partida. A partir daí o jogo arrastou-se até ao 8-4 final, não sem antes Marcelo Sousa e Rui Vieira protagonizarem uma cena que em pouco dignifica o torneio. Nota de destaque ainda para Nuno Rocha (autor de 4 golos), Luís Leitão (um autentico di Maria, cheio de virtuosismo e passes certeiros para golo) e Miguel Vieira (que protagonizou a exibição defensivamente mais conseguida que a d-league já lhe conheceu).
H.Ramos 9-6 Outsiders
O Factor Psicológico
Como diria o falecido Fernando Pessa: "E esta, hein?". Entrada impetuosa na partida, com três golos de rajada, a deixar estupefactos todos os que se encontravam no pavilhão. António Costa e Jorge Fernandes deram uma mostra de eficácia e de frieza na abordagem aos lances, Marcelo funcionou como uma voz de comando dentro do terreno de jogo e Daniel Moreira exibiu uma segurança ainda não vista esta época. Mas se os H.Ramos tiveram todo o mérito pelo triunfo, a mesma proporção de demérito pode ser atribuida aos Outsiders. A equipa de Noronha, Paulo Silva e companhia deu por si numa desvantagem de sete bolas a uma a dez minutos do fim, muito por culpa de pequenas quezílias entre os seus membros, a envolver também a equipa de arbitragem. Apenas se conseguiram verdadeiramente encontrar numa fase terminal da partida, quase a tempo de protagonizar uma reviravolta épica. Quase.
A título pessoal, equiparo esta eliminação à da Holanda no Euro 2008: futebol contagiante e fértil em resultados contra adversários de topo, culminado com a queda face a uma Rússia que pouco mais parecia (em teoria) um mero obstáculo burocrático.
Adeus inglório e totalmente inesperado dos campeões de Inverno, frente a uns adversários com sangue na guelra que fizeram por merecer ser felizes. E esta vitória já ninguém lhes tira: a da motivação contra a displicência, que turvou o talento dos favoritos durante a maior parte do jogo.